terça-feira, 21 de setembro de 2010

Cultura

As manifestações culturais emergentes são aquelas que, por sua natureza, oferecem um
desafio à cultura dominante existente. Dessa forma, considerou-se como manifestação
cultural emergente em Itapuã o bloco afro Malê Debalê, o grupo As Ganhadeiras de
Itapuã, a Festa da Baleia, a capoeira e o candomblé.
Conta a história que os Malês, escravos africanos das etnias hauçá e nagô, de religião
islâmica e responsáveis pela Revolta dos Malês em 1835, escolheram o Abaeté como
principal refúgio na cidade, e a história serviu como referência para a formação do Malê
Debalê, criado em 23 de março de 1979 por um grupo de moradores que desejava ver o
bairro de Itapuã representado no carnaval baiano. A primeira participação do bloco no
carnaval baiano foi em 1980, sendo campeão na categoria afro, com músicas do gênero
samba-reggae. Os ensaios do bloco, em sua sede no Abaeté, possuem fama, o que atrai
os moradores do bairro e turistas. Atualmente, o bloco afro faz palestras para a
população local, com trabalho de afirmação da cultura negra, além da dança e da
música, com trabalhos de percussão.

CIRA

Quando o assunto é bolinho de feijão, a baiana Cira não pode ser esquecida. Seu acarajé foi eleito o melhor da cidade pelo júri de VEJA Salvador por quatro anos consecutivos. O segredo do sucesso está no amor com que ela prepara os quitutes e na experiência – são 32 anos trabalhando em tabuleiro. Todos os dias a baiana acorda às 6 horas para começar o preparo da comida. O trabalho é tanto que ela conta com a ajuda de 35 funcionários. Ela vende também cocada, bolinho de estudante e doce de tamarindo.

Praças

 PRAÇA VINICIUS DE MORAES
Inaugurada em 2003, na área do Farol de Itapuã, perto de onde o poeta e compositor costumava morar, a praça foi idealizada para servir à comunidade do bairro como um espaço público de lazer e cultura. Possui jardins, dez bancos de madeira e piso de concreto, paralelepípedos e detalhes em granito.
Além disso, existem dez totens com as letras de suas músicas mais importantes e trechos de poemas famosos do poeta, além de uma pequena biografia e monumento em sua homenagem.

PRAÇA DORIVAL CAYMMI
Foi inaugurada, em 1953, em homenagem ao músico e compositor Dorival Caymmi, que deu visibilidade ao bairro com suas canções. A praça é um dos lugares mais movimentados do bairro, e localiza-se entre a rua Aristides Milton e a rua Genebaldo Figueiredo, em frente à Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Itapuã.

PRAÇA ÁUREA TEIXEIRA BARBOSA
A praça fica em frente ao Mercado de Itapuã e foi construída em 2004, quando a Feira de Itapuã foi deslocada para a Nova Brasília. Apesar de possuir bancos de madeira e concreto, atualmente a praça funciona mais como um ponto de passagem para as pessoas que se deslocam naquela área, que possui um comércio movimentado.

Malê

Um dos mais importantes blocos afros de Salvador, o Malê Debalê, nasceu nas areias do Abaeté, há 23 anos. Antes de ser uma agremiação carnavalesca, o bloco possui um trabalho de resgate histórico e das tradições do candomblé, repassando a história do povo negro para os integrantes e toda a comunidade do bairro de Itapoã. O próprio nome Malê Debalê é uma referência à Revolta dos Malês, manifestação em prol da liberdade que aconteceu na Bahia escravocrata do início do século XIX. O levante dos Malês aconteceu na madrugada de 25 de janeiro de 1835, e só acabou depois de muitas horas de luta pelas ruas do centro de Salvador.
A entidade tem uma função social que vai além do colocar o bloco nas ruas a cada Carnaval. "Nos últimos sete anos conciliamos as atividades dos blocos com parcerias que envolvem a comunidade e com isso temos conseguido executar muitos dos programas do Malê", explica Cícero Antônio, diretor musical do Malê Debalê. São projetos como escolas de dança e de informática para a comunidade, cursos para formar lideranças, dentre outros. Cerca de 200 crianças com idade até 12 anos aprendem dança e percussão com professores voluntários no Malezinho. A entidade ainda encaminha jovens para cursos profissionalizantes no Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) e no Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia

Depoimentos

"Esse Abaeté aqui não era nada, essa era uma área despovoada. Hoje, o transporte pra cá leva 30 a 40 minutos, mas antigamente só tinha ônibus aqui no final de semana. Aqui, era considerado até área de veraneio, como uma Itaparica, um Morro de São Paulo. As pessoas vinham da cidade e alugavam a casa por três meses para veranear. Agora não, são moradores fixos, é um bairro mais do proletariado."
Ednaldo Paiva Cristo - Clube Dominó - Itapuã

“Nós estamos falando de um bairro, de Itapuã, que culturalmente é conhecido
mundialmente, que é cantado em versos e prosa”

(Antônio Conceição, 45 anos).

Festejos

LAVAGEM DE ITAPUÃ
Este é um momento especial para o bairro. Fanfarras passam pelas ruas, os mais animados já arriscam os primeiros passos de danças de carnaval, e, em frente à Igreja da Nossa Senhora da Conceição, as baianas lavam as escadarias e o batente do templo. As portas da Igreja ficam fechadas, enquanto os adeptos da fé sincrética fazem uma verdadeira faxina na entrada do prédio, na verdade, uma faxina espiritual. Não muito longe dali, há uma extensa fila de trios elétricos, que começam a passar o som. Isso já constitui um show à parte. Muita gente fica olhando as carretas, esperando ver um artista ou banda famosos. A festividade teve início há cerca de 100 anos. Nasceu de uma homenagem anual que os pescadores faziam a Yemanjá, divindade de origem ketu sincretizada com Nossa Senhora da Conceição. A partir da década de 50, a festa começou a ser influenciada pelo carnaval, algo que a fez sobreviver até os dias de hoje, como uma data festiva que mora no limbo entre o sagrado e o profano. A festa, como o Carnaval, não tem data certa para acontecer, varia em função do calendário religioso, mas ocorre sempre nas primeiras semanas do ano, antes da folia momesca

PRESENTE DE OXUM
O presente de Oxum ocorre todo ano no mês de outubro. São centenas de devotos e foliões que acompanham pelas ruas do bairro o cortejo do balaio, com oferendas para a orixá de origem Ketu. Nos últimos anos, a obrigação tem sido realizada pelo terreiro mina-jêge Guerebetan Soagboadã, dirigido pelo pai-de-santo Zé de Bessém, em Nova Brasília de Itapuã. A parte da festa aberta ao público tem início pela manhã, quando os fiéis entoam cânticos à orixá da água doce, dançando em sua homenagem em volta do balaio com as oferendas.
A partir daí, ganham as ruas da Nova Brasília e descem a Ladeira do Abaeté. Lá, novamente são entoados cânticos religiosos e depois, durante o intervalo para o almoço, há samba-de-roda e muita folia: afinal é momento de celebrar. Mais tarde, lá pelas 16 horas, o presente é depositado no meio da lagoa, pelo pessoal que nada até chegar à profundidade de cinco metros, onde tradicionalmente o presente é colocado. O presente de Oxum se perde na tradição oral do bairro, sendo tão antigo quanto este. Outros eventos religiosos têm ganhado força na lagoa, como o batismo realizado por várias igrejas evangélicas, em ocasiões que chegam a reunir três mil pessoas.


 MISSA DO ANZOL
Todo ano, no dia 29 de junho, Itapuã acorda sob o pipocar de fogos. É o início de uma expectativa para o recomeço de uma tradição que se repete há dezenas de anos. Trata-se da Missa do Anzol ou de São Pedro. É a data comemorativa do dia dos pescadores e de seu santo padroeiro. Como reza a tradição, o 29 de junho é o dia de São Pedro dividir o altar com Nossa Senhora da Conceição, pelo menos até sair carregado em procissão marítima até à maior colônia de pescadores de Salvador, a Z-6, localizada no bairro. O percurso não é tão longo. São apenas cerca de 500 metros da Igreja até o barracão da colônia. A imagem do santo fica no barracão por dois dias. Nesse período, os fiéis se revezam em rezas e agradecimentos pelas graças alcançadas. O evento conta com a colaboração do grupo das ganhadeiras, que se juntam aos pescadores pedindo graças a São Pedro. Talvez a maior graça que poderia ser alcançada fosse uma maior generosidade do mar. A pesca, a cada ano, vai ficando mais escassa.

Atrativos

 LAGOAS
A Lagoa do Abaeté é um dos ícones mais sagrados de Itapuã, havendo diversas lendas a seu respeito. Por muito tempo, a lagoa foi uma das principais fontes de renda das pessoas do bairro, que a usavam para pescar e lavar roupas, além de ser um lugar onde até hoje acontecem diversas manifestações artísticas e religiosas. A lagoa tem águas escuras em forma de um funil. Segundo moradores, possui diferentes níveis de temperatura que não se misturam: em cima, a água tem temperatura natural; no meio, a água é quente e, no fundo, é gelada. Seu fundo, formado por sedimentos e areia, costuma ser descrito como “pegajoso”. Antes, a Lagoa era rodeada por frondosos cajueiros e outros tipos de árvores que foram desmatadas com o tempo. Devido às construções que começaram a se erigidas em seu entorno e à mudança do seu ecossistema, a Lagoa tem diminuído de tamanho progressivamente. Além da Lagoa do Abaeté, outras famosas na área são: a Lagoa Dois-Dois, uma lagoa temporária que apresenta água transparente, a Olhos D’Água e a Cacimba, que viraram posteriormente nomes de rua, e a Barragem, que era a antiga fonte de água potável para a região. Outras lagoas são: Urubu, Abaeté - Catu, do Toco, das Trincheiras, dos Pombos, das Casas, do Core, da fonte da Praia, dos Milagres e do CanalPRAIA DO FAROL
Perto do Farol, a praia também é conhecida por algumas letras, que eram as antigas denominações das ruas da área, como Rua K e Rua J. O mar é cheio de pedras, podendo formar piscinas naturais ou se tornar agitado conforme a maré. A praia do Farol é porto de barcos, e também o local preferido dos surfistas.

- PRAIA DE SÃO TOMÉ
Hoje conhecida como “Praia de Piatã”, essa praia tinha o antigo nome de “Praia de São Tomé” por causa de uma lenda relacionada à aparição do santo no local. Desde muitos anos, essa praia é freqüentada por religiosos, que visitavam a capela (hoje extinta) e o cruzeiro que existe perto dos coqueirais.

- COQUEIRAL
A beleza e a sombra dos coqueirais de Itapuã, citados nas obras de Dorival Caymmi e Vinícius de Morais, eram um atrativo a mais que ornava toda a extensão da Praia de Itapuã até a Praia de São Tomé. Hoje, boa parte desse coqueiral se encontra desmatado. A presença do coco em abundância influenciou a gastronomia local, desde o preparo da moqueca até às guloseimas, como o beiju e a cocada.

 
SEREIA DE ITAPUÃ
Um dos principais símbolos do bairro, o monumento da sereia está localizado em um ponto central, no cruzamento entre as Avenidas Otavio Mangabeira, Dorival Caymmi e a Rua Aristides Milton. O monumento foi construído pelo artista plástico Mario Cravo em homenagem aos pescadores e aos elementos que identificam o mar. A sereia mede aproximadamente 1,5m, é feita de ferro
batido, pintada de prata e assentada em uma pedra de granito. O monumento foi instalado em 1958, quando existia uma placa escrita “Bem vindo a Salvador” em 5 idiomas (português, francês, alemão, inglês e italiano). A placa e a sereia foram retiradas com o projeto de Valorização da Orla, sendo reposta depois de seis meses apenas a sereia

ESPORTE

- CENTRO COMUNITÁRIO ESPORTIVO DE ITAPUÃ Armindo biribaO espaço do Centro Comunitário era inicialmente chamado de Campo de Itapuã. Na década de 80, passou a se chamar Estádio de Futebol de Itapuã. Por fim, há cerca de cinco anos, o espaço ganhou o nome atual. Nele se concentram atividades de caratê, capoeira, boxe, tae-kwon-do, ginástica e futebol, entre outros, atendendo a um público de idade diversificada. Aos domingos, o centro disponibiliza suas atividades para a comunidade.